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Mãe Efigênia, alma generosa que veio para plantar

Nascida em Ouro Preto no ano de 1946, Efigênia Maria da Conceição estudou no colégio de freiras conhecido como Asilo Santo Antônio. Quando Efigênia faz 9 anos de idade, sua mãe resolve mudar-se para Belo Horizonte e as duas acabam indo morar no bairro Paraiso, região leste de Belo Horizonte, próximo ao Bairro Santa Efigênia.

Para espanto da mãe, que em Ouro Preto não havia tido contato com o mundo espiritual ligado aos Centros Espíritas, à Umbanda e ao Candomblé, rapidamente as forças e entidades espirituais começam a se aproximar da filha. Assim, rapidamente a vida da jovem Efigênia se transforma, e em poucos anos, seus dons de cura são reconhecidos em toda a comunidade. Sem saber exatamente porque e como, a menina de apenas 13 anos realiza vários feitos na comunidade, fazendo partos, curando doenças, ajudando crianças, adultos e idosos com problemas de saúde diversos.

Levou muitos anos para que Efigênia Maria fosse reconhecida como “Mãe Efigênia” e recebesse no Candomblé o nome “Mametu de Inkiciana Muinhande”. A mais de 20 anos atrás, ela fundou e é mãe de Mãe de Santo da conhecida Senzala Pai Benedito que funciona no Bairro Santa Efigênia. Atualmente registrada como Associação Cultural de Culto Afro Religioso Manzo Ngunzu Kaiango, a casa desenvolve na comunidade um trabalho de assistência social em vários níveis. Mãe Efigênia conduz trabalhos de curas e o culto religioso e espiritual do Candomblé no local e, além disso, a associação realiza um trabalho de esporte, cultura e lazer com crianças e adolescentes da região. Trata-se do Projeto Kizomba que sem assistência financeira de nenhum órgão governamental ou entidade, hoje trabalha com mais de 50 crianças e adolescentes da região.

Foi da tradição dos Terreiros de Candomblé de terminarem suas festas e cultos sagrados com o samba de roda e com as histórias contadas sobre os nossos ancestrais que surgiram as primeiras sementes do Projeto Kizomba. As crianças e jovens que frequentam as festas começaram a mostrar interesse por esta cultura sagrada e pelas historias e ritmos que ecoam pelo terreiro. Assim, Mãe Efigênia começa mais um trabalho social e cria um grupo de samba de roda com as crianças e jovens. Mais tarde vem as aulas de capoeira e a dança-afro e atualmente os oficinas de cânticos africanos. Tudo isso oferecido com o trabalho voluntário dos educadores populares, mestres de capoeira e dos ‘Tata Kambono’ do Terreiro de Candomblé. É nesse contexto que foi criado o Projeto Kizomba, que hoje já trabalha com mais de 50 crianças e jovens e oferecendo e ensinando os conhecimentos ancestrais para as novas gerações.