| Cobertura > Sessão #7 > Mãe Efigênia |

A Mostra CineAfroBH, realizada no Quilombo Manzo Ngunzu Kaiango, celebrou o fortalecimento da cultura afro. O evento mobilizou moradores da comunidade e a equipe da Atos Central de Imagens entorno de um ideal forte e denso: a construção de uma ação real de ocupação e formação cidadã. A Senzala Pai Benedito, localizada no bairro Santa Efigênia, região leste de Belo Horizonte, é, desde os anos de 1970, uma casa de encontro de resistências físicas e culturais próprias da história de nosso povo e dessa vez não foi diferente. Do desafio da exibição de filmes a céu aberto, em noite chuvosa, e da descida ao lugar de culto nasceu uma certeza: o poder dos axés nos aproximam ainda mais na busca pela realização de nossos sonhos.

Mãe Efigênia, Mametu de Inkiciana Muinhande, mestre homenageada na noite do sábado 08 de março, dedicou-se a mostrar ao público presente, numa calorosa roda de conversa, algumas de suas vivências na luta e trabalho pela liberdade. A diversidade de arranjos técnicos e sociais produziu um evento único. A Mostra, na busca pela afirmação dos lugares, sujeitos e sujeitas que a constroem revela um modelo de organização popular. Esse fundamento apresenta o resgate de valores que ainda vibram em toda dimensão territorial da Associação Cultural de Culto Afro Religioso Manzo Ngunzu Kaiango, sede do Projeto Kizomba. Acreditamos que a estrutura palpável do quilombo urbano, parcialmente destruída pela ignorância de má gestores públicos, no início dos anos 2000, ainda é capaz de nos conectar com forças vitais do mundo.

Apostamos que a construção democrática dos direitos pode facilitar o acesso da população à cultura do audiovisual e, ao mesmo tempo, reavivar um mundo abrangente e amplo de sentidos. Assim, a Mostra orienta para pontos de vista políticos e reorienta para pontos de vista espirituais. A gratidão e a força da união fizeram dessa sessão cinematográfica um instrumento de conscientização e transformação social. Operamos, diante da discussão dos valores cinematográficos, no desenvolvimento do sagrado e do amor.

Axé!